

Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit
Acompanhe
O mercado da música independente vive um momento de transformação profunda, marcado pela ascensão das plataformas digitais, pela força dos festivais e pela busca por maior autonomia artística.
Esse cenário foi tema da masterclass “Mercado da música independente: novas configurações”, ministrada por Luciana Adão em evento organizado pela Pós PUC-Rio Digital.
Luciana Adão é coordenadora de Cultura do Instituto Oi Futuro. Com vasta experiência em políticas culturais, festivais, editais e desenvolvimento de territórios criativos, ela trouxe uma análise aprofundada sobre o cenário atual e as perspectivas futuras do setor.
Na masterclass, foram apresentados dados, desafios e perspectivas que ajudam a entender como artistas, público, marcas e agentes públicos estão redesenhando o futuro da cena musical brasileira. Confira os principais pontos abordados a seguir.
Luciana Adão iniciou a masterclass destacando o mapeamento da indústria criativa no Brasil, realizado pela Firjan em 2025. Este panorama revela a grandiosidade do setor, que em 2023 atingiu 3,59% do PIB do país, totalizando R$ 393,3 bilhões.
A cultura, onde a música está inserida, é uma das quatro grandes áreas da indústria criativa (consumo, mídia, cultura e tecnologia) e se destaca por ser a que mais emprega, representando 10,4% dos empregos formais no setor. Esse dado ressalta a capacidade da cultura de incluir profissionais no mercado de trabalho.
No entanto, a professora também apontou uma assimetria significativa na distribuição econômica do setor. São Paulo e Rio de Janeiro, juntos, concentram aproximadamente 60,6% da atividade econômica criativa do país.
Essa concentração, apesar do crescimento geral, evidencia a necessidade de políticas de descentralização e fomento contínuo para outras regiões do Brasil, visando a um desenvolvimento mais equitativo do mercado da música independente e da economia criativa como um todo.
O mercado da música independente enfrenta desafios específicos que, segundo Adão, são comuns ao campo da cultura, mas com suas particularidades.
Entre os principais destacam-se:
Luciana Adão enfatizou a importância de entender o conceito de “independência” nesse contexto. Ser independente não significa ausência de lucro ou recursos, mas a fidelidade a um espaço de desenvolvimento de cena, livre de pressões externas que obriguem a formatação artística.
A masterclass abordou a emergência do “público protagonista”, uma mudança de paradigma no consumo cultural pós-pandemia.
Este público não é mais um mero espectador, mas um agente ativo que busca se colocar no centro do debate, opinar, divulgar e promover. Essa nova postura impacta diretamente a estruturação da relação entre artistas, festivais, marcas e o público, moldando um novo modo de consumo e atuação.
As plataformas tecnológicas e as gravadoras, por sua vez, utilizam os dados e estatísticas geradas para construir estratégias, como a do “super fã”. No entanto, Luciana Adão ressaltou a falta de transparência na remuneração dos artistas por parte dessas plataformas, um dos grandes pontos de discussão no mercado da música independente.
A distribuição de fonogramas, que historicamente esteve nas mãos de grandes empresas, agora se depara com a complexidade do streaming, onde o cálculo e o retorno financeiro para os artistas ainda são obscuros.
Nesse cenário, o fonograma muitas vezes serve como um articulador do circuito de espetáculos, festivais e shows, onde a divulgação e o engajamento do público se tornam cruciais.
Adão destacou que, embora as plataformas digitais facilitem a construção de público, elas não são o único caminho, e a formação e a associação entre artistas são fundamentais para a sustentabilidade da carreira.
A formalização no mercado da música independente é essencial, conforme destacado por Luciana Adão.
A ausência de dados formais sobre os profissionais dificulta a construção de políticas públicas eficazes e a solicitação de recursos. A palestrante enfatizou que, se o setor não existe na formalidade, ele não é lido e não consegue incidir sobre o mercado e o setor público.
Nesse sentido, a criação de circuitos, calendários anuais e espaços para o desenvolvimento artístico e a formação continuada são essenciais para o avanço e a ampliação do mercado. A articulação entre festivais, artistas e o poder público é fundamental para a construção de um ambiente mais favorável.
A Rede Música Brasil, rearticulada pela Funarte, é um exemplo de iniciativa que busca formular a estruturação de uma agência nacional da música e um fundo da música, visando uma política contemporânea de investimento.
A discussão sobre a criação de uma Agência Nacional da Música e um Fundo da Música é um dos temas mais relevantes para o futuro do mercado da música independente no Brasil.
Luciana Adão, que participa ativamente dessas discussões, explicou que a agência teria como objetivo centralizar as demandas e políticas públicas, rankings e distribuições, reconhecendo o apelo internacional do produto musical brasileiro.
O grande desafio, no entanto, reside na estruturação do fundo. Estão sendo realizados diversos estudos para mapear as fontes de recurso, que podem vir de taxação de grandes eventos (como o modelo do Reino Unido, que destina 1% do valor total para um fundo de desenvolvimento da cena independente), da rede hoteleira e de turismo, ou até mesmo de recursos parados provenientes de fraudes identificadas em distribuidoras.
O fundo australiano de música, recém-criado com recursos governamentais e privados, foi citado como um exemplo interessante de como esses recursos podem ser aplicados na circulação, estruturação de circuitos de casas de show, processos de formação artística e estudos.
A criação de um fundo e de uma agência são vistos como caminhos fundamentais para pavimentar setorialmente o desenvolvimento do campo, garantindo uma política contemporânea de investimento e superando a falta de formalização e dados que hoje impedem o pleno crescimento do mercado da música independente.
O mercado da música independente é formado por artistas, produtores e iniciativas que atuam fora das grandes gravadoras e estruturas tradicionais. Ele valoriza a autonomia criativa, a diversidade e a construção de cenas locais, muitas vezes articuladas por festivais, coletivos e associações.
Segundo a Firjan (2025), a indústria criativa, onde a música se insere, representa 3,59% do PIB brasileiro, movimentando R$ 393,3 bilhões. A música, dentro desse ecossistema, tem grande potencial de empregabilidade e inclusão, além de forte impacto cultural e territorial.
Entre os maiores desafios estão:
Independência não significa ausência de lucro ou recursos. Trata-se de preservar a liberdade criativa, sem submissão a pressões externas que obriguem artistas a formatar sua arte de acordo com padrões comerciais impostos.
O público passou a ser protagonista, não apenas consumindo, mas também participando ativamente da divulgação, promoção e construção de artistas e festivais. Essa postura impacta estratégias de engajamento, financiamento e fortalecimento de cenas musicais.
As plataformas digitais ampliaram o alcance e a visibilidade dos artistas, mas também trouxeram desafios, como a falta de transparência na remuneração e na distribuição de royalties. O fonograma muitas vezes serve mais como porta de entrada para shows e festivais do que como fonte principal de receita.
Sem dados formais sobre profissionais e iniciativas, o setor não consegue pleitear políticas públicas eficazes ou acesso a recursos. A formalização permite mapear agentes, estruturar calendários, criar circuitos e gerar indicadores que fortalecem a cena.
Duas propostas centrais são a criação de uma Agência Nacional da Música e de um Fundo da Música. Essas iniciativas buscam centralizar demandas, distribuir recursos de forma justa e fomentar o crescimento sustentável do mercado da música independente no Brasil.
O futuro aponta para maior articulação entre artistas, festivais, poder público e marcas. A descentralização, a formalização e a criação de fundos de investimento podem pavimentar um caminho de crescimento sustentável, com impacto cultural, econômico e social.
*Este conteúdo foi elaborado com o apoio de IA
Por Olivia Baldissera
Gostou deste conteúdo? Compartilhe com seus amigos!
Assine a
News PUC-Rio Digital
para evoluir na sua carreira
Receba conteúdos sobre:
Formulário enviado com sucesso!
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
Saiba mais sobre a Coordenação Central de Educação Continuada