Mercado da música independente: desafios e perspectivas futuras

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Olivia Baldissera • 3 de setembro de 2025

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    O mercado da música independente vive um momento de transformação profunda, marcado pela ascensão das plataformas digitais, pela força dos festivais e pela busca por maior autonomia artística.

    Esse cenário foi tema da masterclass “Mercado da música independente: novas configurações”, ministrada por Luciana Adão em evento organizado pela Pós PUC-Rio Digital.

    Luciana Adão é coordenadora de Cultura do Instituto Oi Futuro. Com vasta experiência em políticas culturais, festivais, editais e desenvolvimento de territórios criativos, ela trouxe uma análise aprofundada sobre o cenário atual e as perspectivas futuras do setor.

    Na masterclass, foram apresentados dados, desafios e perspectivas que ajudam a entender como artistas, público, marcas e agentes públicos estão redesenhando o futuro da cena musical brasileira. Confira os principais pontos abordados a seguir.

    Promotional graphic for a digital course on cultural management and creative industry, featuring a woman and the PUC-Rio logo.

    A concentração do mercado da música independente no Brasil

    Luciana Adão iniciou a masterclass destacando o mapeamento da indústria criativa no Brasil, realizado pela Firjan em 2025. Este panorama revela a grandiosidade do setor, que em 2023 atingiu 3,59% do PIB do país, totalizando R$ 393,3 bilhões.

    A cultura, onde a música está inserida, é uma das quatro grandes áreas da indústria criativa (consumo, mídia, cultura e tecnologia) e se destaca por ser a que mais emprega, representando 10,4% dos empregos formais no setor. Esse dado ressalta a capacidade da cultura de incluir profissionais no mercado de trabalho.

    No entanto, a professora também apontou uma assimetria significativa na distribuição econômica do setor. São Paulo e Rio de Janeiro, juntos, concentram aproximadamente 60,6% da atividade econômica criativa do país.

    Essa concentração, apesar do crescimento geral, evidencia a necessidade de políticas de descentralização e fomento contínuo para outras regiões do Brasil, visando a um desenvolvimento mais equitativo do mercado da música independente e da economia criativa como um todo.

    Desafios e barreiras no mercado da música independente

    O mercado da música independente enfrenta desafios específicos que, segundo Adão, são comuns ao campo da cultura, mas com suas particularidades.

    Entre os principais destacam-se:

    • Abertura de espaço para novos artistas e colaborações: a dificuldade em inserir novos talentos e promover parcerias inovadoras.
    • Políticas de fomento e descentralização: a necessidade de políticas públicas mais robustas e contínuas que incentivem a inovação e a distribuição de recursos para além dos grandes centros.
    • Profissionalização e formação: a carência de cursos e processos de formação no país, que preparem os profissionais para as demandas do mercado.
    • Equidade e acesso: questões sérias de equidade racial e de gênero, além da falta de políticas de acesso que garantam a diversidade e inclusão no setor.
    • Transparência de dados: a ausência de transparência nos dados, especialmente por parte das plataformas digitais e canais de streaming, dificulta a compreensão do cenário e a formulação de estratégias eficazes.
    • Sustentabilidade e justiça climática: a crescente necessidade de o setor abordar questões de sustentabilidade e justiça climática, com festivais e artistas engajando-se em causas ambientais e sociais.

    Luciana Adão enfatizou a importância de entender o conceito de “independência” nesse contexto. Ser independente não significa ausência de lucro ou recursos, mas a fidelidade a um espaço de desenvolvimento de cena, livre de pressões externas que obriguem a formatação artística.

    O público protagonista no mercado da música independente

    A masterclass abordou a emergência do “público protagonista”, uma mudança de paradigma no consumo cultural pós-pandemia.

    Este público não é mais um mero espectador, mas um agente ativo que busca se colocar no centro do debate, opinar, divulgar e promover. Essa nova postura impacta diretamente a estruturação da relação entre artistas, festivais, marcas e o público, moldando um novo modo de consumo e atuação.

    As plataformas tecnológicas e as gravadoras, por sua vez, utilizam os dados e estatísticas geradas para construir estratégias, como a do “super fã”. No entanto, Luciana Adão ressaltou a falta de transparência na remuneração dos artistas por parte dessas plataformas, um dos grandes pontos de discussão no mercado da música independente.

    A distribuição de fonogramas, que historicamente esteve nas mãos de grandes empresas, agora se depara com a complexidade do streaming, onde o cálculo e o retorno financeiro para os artistas ainda são obscuros.

    Nesse cenário, o fonograma muitas vezes serve como um articulador do circuito de espetáculos, festivais e shows, onde a divulgação e o engajamento do público se tornam cruciais.

    Adão destacou que, embora as plataformas digitais facilitem a construção de público, elas não são o único caminho, e a formação e a associação entre artistas são fundamentais para a sustentabilidade da carreira.

    Formalização e políticas públicas: pilares para o mercado da música independente

    A formalização no mercado da música independente é essencial, conforme destacado por Luciana Adão.

    A ausência de dados formais sobre os profissionais dificulta a construção de políticas públicas eficazes e a solicitação de recursos. A palestrante enfatizou que, se o setor não existe na formalidade, ele não é lido e não consegue incidir sobre o mercado e o setor público.

    Nesse sentido, a criação de circuitos, calendários anuais e espaços para o desenvolvimento artístico e a formação continuada são essenciais para o avanço e a ampliação do mercado. A articulação entre festivais, artistas e o poder público é fundamental para a construção de um ambiente mais favorável.

    A Rede Música Brasil, rearticulada pela Funarte, é um exemplo de iniciativa que busca formular a estruturação de uma agência nacional da música e um fundo da música, visando uma política contemporânea de investimento.

    O futuro do mercado da música independente

    A discussão sobre a criação de uma Agência Nacional da Música e um Fundo da Música é um dos temas mais relevantes para o futuro do mercado da música independente no Brasil.

    Luciana Adão, que participa ativamente dessas discussões, explicou que a agência teria como objetivo centralizar as demandas e políticas públicas, rankings e distribuições, reconhecendo o apelo internacional do produto musical brasileiro.

    O grande desafio, no entanto, reside na estruturação do fundo. Estão sendo realizados diversos estudos para mapear as fontes de recurso, que podem vir de taxação de grandes eventos (como o modelo do Reino Unido, que destina 1% do valor total para um fundo de desenvolvimento da cena independente), da rede hoteleira e de turismo, ou até mesmo de recursos parados provenientes de fraudes identificadas em distribuidoras.

    O fundo australiano de música, recém-criado com recursos governamentais e privados, foi citado como um exemplo interessante de como esses recursos podem ser aplicados na circulação, estruturação de circuitos de casas de show, processos de formação artística e estudos.

    A criação de um fundo e de uma agência são vistos como caminhos fundamentais para pavimentar setorialmente o desenvolvimento do campo, garantindo uma política contemporânea de investimento e superando a falta de formalização e dados que hoje impedem o pleno crescimento do mercado da música independente.

    Perguntas frequentes sobre o mercado da música independente

    O que é o mercado da música independente?

    O mercado da música independente é formado por artistas, produtores e iniciativas que atuam fora das grandes gravadoras e estruturas tradicionais. Ele valoriza a autonomia criativa, a diversidade e a construção de cenas locais, muitas vezes articuladas por festivais, coletivos e associações. 

    Qual a importância do mercado da música independente no Brasil?

    Segundo a Firjan (2025), a indústria criativa, onde a música se insere, representa 3,59% do PIB brasileiro, movimentando R$ 393,3 bilhões. A música, dentro desse ecossistema, tem grande potencial de empregabilidade e inclusão, além de forte impacto cultural e territorial.

    Quais os principais desafios do mercado da música independente hoje?

    Entre os maiores desafios estão: 

    • Abertura de espaço para novos artistas. 
    • Políticas públicas de fomento e descentralização regional. 
    • Carência de profissionalização e formação. 
    • Questões de equidade racial e de gênero. 
    • Falta de transparência em dados de plataformas digitais. 
    • Sustentabilidade e justiça climática em festivais e eventos. 
    O que significa independência no contexto musical?

     Independência não significa ausência de lucro ou recursos. Trata-se de preservar a liberdade criativa, sem submissão a pressões externas que obriguem artistas a formatar sua arte de acordo com padrões comerciais impostos. 

    Como o público influencia o mercado da música independente?

    O público passou a ser protagonista, não apenas consumindo, mas também participando ativamente da divulgação, promoção e construção de artistas e festivais. Essa postura impacta estratégias de engajamento, financiamento e fortalecimento de cenas musicais.

    Qual o papel das plataformas digitais no mercado da música independente?

    As plataformas digitais ampliaram o alcance e a visibilidade dos artistas, mas também trouxeram desafios, como a falta de transparência na remuneração e na distribuição de royalties. O fonograma muitas vezes serve mais como porta de entrada para shows e festivais do que como fonte principal de receita.

    Por que a formalização é importante no mercado da música independente?

    Sem dados formais sobre profissionais e iniciativas, o setor não consegue pleitear políticas públicas eficazes ou acesso a recursos. A formalização permite mapear agentes, estruturar calendários, criar circuitos e gerar indicadores que fortalecem a cena. 

    Quais iniciativas de políticas públicas estão em discussão?

    Duas propostas centrais são a criação de uma Agência Nacional da Música e de um Fundo da Música. Essas iniciativas buscam centralizar demandas, distribuir recursos de forma justa e fomentar o crescimento sustentável do mercado da música independente no Brasil.

    Qual o futuro do mercado da música independente?

    O futuro aponta para maior articulação entre artistas, festivais, poder público e marcas. A descentralização, a formalização e a criação de fundos de investimento podem pavimentar um caminho de crescimento sustentável, com impacto cultural, econômico e social.

    *Este conteúdo foi elaborado com o apoio de IA 

    Por Olivia Baldissera

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